E tem oito capítulos. É possível, mas não provável, que você tenha algo melhor para fazer do que ler agora mesmo esses dois parágrafos de Bíblia e contracultura:
“A Palavra se fez carne” é (literalmente) a última palavra da tradição bíblica em sua polêmica contra a civilização. O entendimento de que Jesus é a palavra de Deus encarnada representa o esvaziamento final de significado, a pá final de terra na trincheira divina contra a sofisticação e os supostos confortos da vida civilizada. Se até mesmo o verbo tornou-se carne, o último grande valor da cultura de Israel, isto é, sua familiaridade e seu apego com a palavra, é negado, esgotado e tornado obsoleto.
A Bíblia é essa grande obra de anarquismo e de contracultura, e seu sonho é desiludir o ser humano das supostas seguranças e méritos da vida civilizada. O que nos parecem seguranças e conquistas, advertem-nos os idealizadores da Bíblia, não passam de discursos, e todos os discursos escravizam e matam. Para ser salvo o homem deve ser de carne, isto é, manter-se livre – ao mesmo tempo acima e abaixo do regime dos discursos.
POR UMA ETERNIDADE MAIS JUSTA
1. História de um fazendeiro
2. A fé que você não precisa ter
3. Sabedoria e mortalidade
4. Sexualidade e inocência
5. Bíblia e contracultura
6. Monoteísmo e responsabilidade
7. O corpo é eterno
8. Por uma eternidade mais justa
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Aparentemente não é cedo demais para uma edição em papel de As divinas gerações
Escrevo livros, faço desenhos e desenho letras. A Bacia das Almas é repositório final de ideias condenadas à reformulação eterna.